Cap. 16 - Ajuda?
Na cidade de Naissus, Markus acabara de assumir seu turno, quando atendeu um telefonema. Era um morador da zona rural, próxima a cidade, chamado Aleksandar. Ligou para denunciar um grupo de estrangeiros indo para a cidade. Identificou-os como muçulmanos, dois adultos, três crianças e dois jovens. As leis estavam mudando, endurecendo no país. Desde que a Hungria construíra o muro na fronteira, as autoridades Sérvias ficaram com um grande contingente de refugiados dentro do país. Essas pessoas andavam pelas cidades, algumas com algum dinheiro, outras sem nenhum. Em Naissus os refugiados não eram bem vindos, por causa do turismo. A cidade natal de Constantino, o Grande, não estava preparada para receber os estrangeiros. Então, Markus decidiu sair para averiguar a denúncia. Se os encontrasse, levaria para autoridades superiores. A viatura escolhida foi um camburão, para poder carregar todo o grupo.
Na estrada, a família do pequeno Daniyal nem desconfiava da denúncia. Já estava avistando a cidade, quando um carro parou à beira da pista, um pouco mais adiante deles. Imediatamente Kadar se pôs à frente do grupo, fazendo sinal com os braços para que esperassem ali. O motorista falou em inglês com Kadar. Estava oferecendo carona. Por algum motivo, o homem não inspirou confiança em Kadar, mas ele decidiu aceitar a carona, principalmente por causa dos pés de Labibah. O sérvio sugeriu que Kadar levasse Daniyal ao colo, no assento da frente. Atrás se acomodaram Labibah, Najma, Yusef e os adolescentes. "Não é contra a lei andar com tantas pessoas no carro?". "Não tem problema. Vou pegar estradas secundárias". A afirmação do homem assustou Kadar: "Mas a cidade está logo ali. Para onde pretende nos levar?". E já foi levando a mão para abrir a porta do carro. O homem pediu que ele se acalmasse. E apontou para a frente. Numa elevação da estrada era possível ver a viatura policial. Rapidamente, ligou o motor e dirigiu para uma estrada à direita, deixando a via por onde o grupo caminhava. Logo em seguida estacionou sob a sombra de uma árvore, virando o carro no sentido contrário da estrada.
"Veja bem", começou ele, "Não tenho intenção de fazer mal para vocês, nem roubá-los. Apenas ajudar. Mas aquele camburão indica que provavelmente vocês foram denunciados. Os refugiados não são bem vindos aqui".
Kadar ainda está nervoso. "Olha, isso está muito estranho". "Leve-nos até a cidade, por favor. Já estará nos ajudando."
"Ok. Conversem sobre isso. Em Naissus não há centro de refugiados. O procedimento é encaminhar para deportação por estarem aqui sem registro sérvio. Vocês já fizeram o registro?" O homem agora se dirigia diretamente à Labibah. Kadar respondeu que não tinham esse registro, apenas o da Grécia. "Por favor, deixem-se ajudá-los", insistiu.
Labibah respondeu "Aceitamos. Se quiser algum pagamento também podemos oferecer". O homem agradeceu com a afirmação "Eu ofereci ajuda, não negócio. "Fique tranquila, vou tirar você e seus filhos dessa situação. Todos vocês.".
E agora, dirigindo-se a Kadar de novo, perguntou como chegaram ali e porque estavam sozinhos.
Kadar resolveu falar a verdade e fez um resumo de como saíram da Síria, a travessia no mar Egeu, a Grécia, etc. Mas a situação que viveram no contêiner do caminhão abandonado à beira da estrada, contou detalhadamente.
"Vou levá-los para Presevo. Há um grande centro de refugiados organizado lá. Poderia levá-los para Subótica, diretamente. A saída da Sérvia provavelmente será por lá. Mas são mais de 400 km, e até Presevo são apenas 150 km. É melhor porque passarão menos tempo como clandestinos, diminuindo a chance de serem abordados pela polícia. A propósito, meu nome é Alex".
Alex ainda falava quando viram a viatura policial passar de volta pela estrada em direção à cidade. "Ótimo. Vamos voltar por lá".
No caminho, Alex seguiu dando conselhos. Não aceitar as propostas de taxistas em Presevo. Muitos eram assaltantes. Nem fazer acordos com atravessadores. Bem, isso Kadar não faria outra vez. Nem dar dinheiro para terceiros comprarem passagens de ônibus. A Sérvia era, em sua opinião, o país mais difícil de atravessar. As autoridades deviam levar os refugiados de graça até a Hungria, porque a União Europeia estava mandando dinheiro para ajudar a administrar a crise. "Mas vocês terão que comprar as passagens", senão demoraria muito mais tempo. Deveriam fazer o registro e atravessar de maneira legalizada. "Mais demorado, mas mais seguro". E repetiu algumas vezes: "O tempo em Presevo será recuperado na fronteira conta a Hungria".
Labibah perguntou: "Não é a Hungria o país mais difícil para os refugiados?". "Não", respondeu Alex gesticulando com sinais de negativo. "Desde que fizeram o acordo de facilitar a passagem ficou mais fácil. Eles ficam com poucos refugiados no país, e abrem o caminho. Esse é o acordo. Chegando lá, vocês atravessarão até a Áustria, de ônibus também. Mas não vão ter que pagar para isso. Nada de acampamento ou novo registro. Demora sair da Sérvia, mas lá atravessa num dia só".
O carro passou pela frente da casa de Aleksandar.
Na estrada, a família do pequeno Daniyal nem desconfiava da denúncia. Já estava avistando a cidade, quando um carro parou à beira da pista, um pouco mais adiante deles. Imediatamente Kadar se pôs à frente do grupo, fazendo sinal com os braços para que esperassem ali. O motorista falou em inglês com Kadar. Estava oferecendo carona. Por algum motivo, o homem não inspirou confiança em Kadar, mas ele decidiu aceitar a carona, principalmente por causa dos pés de Labibah. O sérvio sugeriu que Kadar levasse Daniyal ao colo, no assento da frente. Atrás se acomodaram Labibah, Najma, Yusef e os adolescentes. "Não é contra a lei andar com tantas pessoas no carro?". "Não tem problema. Vou pegar estradas secundárias". A afirmação do homem assustou Kadar: "Mas a cidade está logo ali. Para onde pretende nos levar?". E já foi levando a mão para abrir a porta do carro. O homem pediu que ele se acalmasse. E apontou para a frente. Numa elevação da estrada era possível ver a viatura policial. Rapidamente, ligou o motor e dirigiu para uma estrada à direita, deixando a via por onde o grupo caminhava. Logo em seguida estacionou sob a sombra de uma árvore, virando o carro no sentido contrário da estrada.
"Veja bem", começou ele, "Não tenho intenção de fazer mal para vocês, nem roubá-los. Apenas ajudar. Mas aquele camburão indica que provavelmente vocês foram denunciados. Os refugiados não são bem vindos aqui".
Kadar ainda está nervoso. "Olha, isso está muito estranho". "Leve-nos até a cidade, por favor. Já estará nos ajudando."
"Ok. Conversem sobre isso. Em Naissus não há centro de refugiados. O procedimento é encaminhar para deportação por estarem aqui sem registro sérvio. Vocês já fizeram o registro?" O homem agora se dirigia diretamente à Labibah. Kadar respondeu que não tinham esse registro, apenas o da Grécia. "Por favor, deixem-se ajudá-los", insistiu.
Labibah respondeu "Aceitamos. Se quiser algum pagamento também podemos oferecer". O homem agradeceu com a afirmação "Eu ofereci ajuda, não negócio. "Fique tranquila, vou tirar você e seus filhos dessa situação. Todos vocês.".
E agora, dirigindo-se a Kadar de novo, perguntou como chegaram ali e porque estavam sozinhos.
Kadar resolveu falar a verdade e fez um resumo de como saíram da Síria, a travessia no mar Egeu, a Grécia, etc. Mas a situação que viveram no contêiner do caminhão abandonado à beira da estrada, contou detalhadamente.
"Vou levá-los para Presevo. Há um grande centro de refugiados organizado lá. Poderia levá-los para Subótica, diretamente. A saída da Sérvia provavelmente será por lá. Mas são mais de 400 km, e até Presevo são apenas 150 km. É melhor porque passarão menos tempo como clandestinos, diminuindo a chance de serem abordados pela polícia. A propósito, meu nome é Alex".
Alex ainda falava quando viram a viatura policial passar de volta pela estrada em direção à cidade. "Ótimo. Vamos voltar por lá".
No caminho, Alex seguiu dando conselhos. Não aceitar as propostas de taxistas em Presevo. Muitos eram assaltantes. Nem fazer acordos com atravessadores. Bem, isso Kadar não faria outra vez. Nem dar dinheiro para terceiros comprarem passagens de ônibus. A Sérvia era, em sua opinião, o país mais difícil de atravessar. As autoridades deviam levar os refugiados de graça até a Hungria, porque a União Europeia estava mandando dinheiro para ajudar a administrar a crise. "Mas vocês terão que comprar as passagens", senão demoraria muito mais tempo. Deveriam fazer o registro e atravessar de maneira legalizada. "Mais demorado, mas mais seguro". E repetiu algumas vezes: "O tempo em Presevo será recuperado na fronteira conta a Hungria".
Labibah perguntou: "Não é a Hungria o país mais difícil para os refugiados?". "Não", respondeu Alex gesticulando com sinais de negativo. "Desde que fizeram o acordo de facilitar a passagem ficou mais fácil. Eles ficam com poucos refugiados no país, e abrem o caminho. Esse é o acordo. Chegando lá, vocês atravessarão até a Áustria, de ônibus também. Mas não vão ter que pagar para isso. Nada de acampamento ou novo registro. Demora sair da Sérvia, mas lá atravessa num dia só".
O carro passou pela frente da casa de Aleksandar.
vamos adiante
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