Cap. 13 - Empurrados para fora
Mesmo quando eu tinha uma janela, gostava de observar os cachorros e os passarinhos. Ficava acompanhando eles com os olhos, para ver se descobria se estavam no caminho de volta pra suas “casas” ou se estavam em alguma viagem por alimento. Eu gostava disso. De ver as cortinas das outras casas, de imaginar como era lá dentro. Se seus tapetes eram tão bonitos como os nossos. Se sua comida era tão saborosa. Imaginava as cadeiras, as almofadas. Imaginava e imaginava. Acho que nunca olhei para alguém com raiva. Mesmo assim, eu sempre soube que nem todas as pessoas são boas. Era uma criança, não um móvel, por isso eu sabia. Minha mãe e suas recomendações. A saída da escola. Os soldados de um lado, os soldados contra esses, e aqueles outros que não dava pra saber de que lado estavam. Nos últimos tempos em Aleppo eles foram aumentando, eram vistos por todos os lados. Lançavam bombas. Quem lança uma bomba numa escola? Gente ruim. Por isso eu sabia que nem todas as pessoas são boas. Eles acabara...