Cap. 6 - Para a Grécia I
A bordo, nossa família se acomodou num pequeno banco de madeira, próximo da proa, sob uma cobertura de acrílico verde. Sentaram-se os pais, nós os filhos no colo. Vestíamos coletes salva-vidas, como a maioria das pessoas que aos poucos foram se amontoando em outros bancos e por fim no chão. O embarque foi rápido e a partida do porto também, já que a viagem era clandestina. Meu pai pagaria muito dinheiro por aquela viagem. Mais tarde meu pai nos disse que, se pudesse, venderia nossa casa em Aleppo para pagar os sogros. Meu pai estava visivelmente chateado, pois o barco no qual entramos não era exatamente um navio. Era menor. Pelo menos não se tratava de um bote de borracha. Entretanto, era como se meu pai tivesse sido enganado pelo homem que fez a negociação de nossa viagem. Essa pequena mentira deixou meus pais desconfiados, e já não estavam mais tranquilos como durante o dia, no centro de Esmirna. Eles haviam dado o dinheiro para a travessia. Aconcheguei-me ao lado de ...