Cap. 32 - Kadar
Era dia de teste de proficiência em alemão e muitos candidatos não eram meus alunos. Eram pessoas que iam somente realizar essa prova. Então eu estava acostumado a ver rostos desconhecidos nesses dias. Estava prestes a iniciar a prova, quando dois rapazes entraram na sala de aula. Enquanto eu falava, percebi que olhavam fixamente para mim. Um filme passou em minha mente. Sabíamos quem éramos e o que se passara entre nós. Se não houvessem me espancado. Se não tivessem tido a maldita ideia de me roubar, eu não teria ido àquele hospital. Labibah não teria deixado as crianças do lado de fora do hospital. Não haveria banheiro químico em nosso caminho. Nem policiais nos nossos leitos de UTI. Os odiava ontem, quando não os via. Como é fácil odiar quem não vemos; de quem apenas temos uma ideia pré-moldada. Mas quando vemos, enxergamos pessoas semelhantes a nós. Na prova foram bem. Atestei sua proficiência com o idioma alemão e os liberei. Não houve pedido de desculpas. Apenas olhares de...