Cap. 11 - Prontos pra partir!
Meu pai chegou à barraca dias depois, cansado. A barba por fazer e a cor roxa ao redor de seus olhos mostravam que os documentos que trazia em mãos tinham lhe custado exaustão física. Ele queria voltar ao centro de registro conosco; minha mãe tentou convencê-lo a ficar e dormir aquela noite na barraca. Não teve jeito, a fuga em meio a bombas, dias na fronteira com a Turquia, aquela travessia sombria pelo mar, tudo o empurrava de volta para o centro de registro.
Com seus documentos em mãos, pudemos nos registrar também. Nossos dedos, um por um, foram copiados para o computador. Fotos de nossos rostos. As informações dadas por meu pai confirmadas com minha mãe.
O caminho de volta para a barraca parecia um caminho de volta para casa. Meus pais felizes, sorrindo, caminhando sem pressa. Parecia passeio de domingo. Nós os cinco, como no dia que fomos visitar a Cidadela de Aleppo. Subimos as escadarias, eu e Najma, fazendo uma competição. Ela conseguia subir de dois em dois degraus, esticando a perna que ia na frente; eu, muito orgulhoso, de três em três. Só que como ela era rápida, estava sempre na minha frente; assim, comecei a me esforçar pra ultrapassá-la, e ela ia mais rápido. Chegamos no portal de entrada da fortaleza bem antes dos meus pais, que vinham subindo com Yusef no colo. Gargalhamos de doer a barriga.
Naquela noite, não deixei meu pai um minuto sequer. Sentei-me ao seu lado, acompanhei-o ao banheiro, encostei minha cama na dele para dormir. De quando em quando ele, assim como eu, acordava, passava a mão de leve na cabeça de minha mãe, de Najma, de Yusef e então sorria para mim e pegava em minha mão. “More than a Prophet”, ele dizia e fechava os olhos novamente.
Cedo fomos para a estação de trem. Levamos as mochilas novas. Minha mãe pegou fraldas, uma troca de roupa para cada um de nós. Um cobertor. Coisas que nos deram nos dias que passamos na barraca.
Atravessamos toda a praça e entramos num taxi que nos deixou na frente da estação. Logo que passamos a grande porta, a imagem que tivemos foi desanimadora. Havia pessoas por todos os lados, sentadas em grupos, ou deitadas em camas dobráveis, iguais às da barraca branca enorme. Todos eram sírios que aguardavam pra poder comprar passagens de trem. Eram poucos assentos por trem, poucos para tanta gente. “Vocês tem que achar um lugar pra ficar por aqui”. Então o cobertor serviu de tapete para delimitar nosso espaço naquela estação.
Com seus documentos em mãos, pudemos nos registrar também. Nossos dedos, um por um, foram copiados para o computador. Fotos de nossos rostos. As informações dadas por meu pai confirmadas com minha mãe.
O caminho de volta para a barraca parecia um caminho de volta para casa. Meus pais felizes, sorrindo, caminhando sem pressa. Parecia passeio de domingo. Nós os cinco, como no dia que fomos visitar a Cidadela de Aleppo. Subimos as escadarias, eu e Najma, fazendo uma competição. Ela conseguia subir de dois em dois degraus, esticando a perna que ia na frente; eu, muito orgulhoso, de três em três. Só que como ela era rápida, estava sempre na minha frente; assim, comecei a me esforçar pra ultrapassá-la, e ela ia mais rápido. Chegamos no portal de entrada da fortaleza bem antes dos meus pais, que vinham subindo com Yusef no colo. Gargalhamos de doer a barriga.
Naquela noite, não deixei meu pai um minuto sequer. Sentei-me ao seu lado, acompanhei-o ao banheiro, encostei minha cama na dele para dormir. De quando em quando ele, assim como eu, acordava, passava a mão de leve na cabeça de minha mãe, de Najma, de Yusef e então sorria para mim e pegava em minha mão. “More than a Prophet”, ele dizia e fechava os olhos novamente.
Cedo fomos para a estação de trem. Levamos as mochilas novas. Minha mãe pegou fraldas, uma troca de roupa para cada um de nós. Um cobertor. Coisas que nos deram nos dias que passamos na barraca.
Atravessamos toda a praça e entramos num taxi que nos deixou na frente da estação. Logo que passamos a grande porta, a imagem que tivemos foi desanimadora. Havia pessoas por todos os lados, sentadas em grupos, ou deitadas em camas dobráveis, iguais às da barraca branca enorme. Todos eram sírios que aguardavam pra poder comprar passagens de trem. Eram poucos assentos por trem, poucos para tanta gente. “Vocês tem que achar um lugar pra ficar por aqui”. Então o cobertor serviu de tapete para delimitar nosso espaço naquela estação.
O capítulo mostra uma cert as alegria pela família ter vencido uma importante etapa da aventureira viagem, ou seja, a obtenção de documentos. Mas, logo há uma decepção ao verem que nao vai ser fácil obter os assentos no trem.
ReplyDeleteNeste capítulo, a alegria por conseguirem os documentos para seguirem viagem de trem é minimizada ou até suprimida pela constatação da grande "concorrência" de pessoas com o mesmo objetivo: embarcar num trem que não tem lugares para todos.
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