Cap. 4 - Para Esmirna
Daniyal ficou sentado ao lado de sua mãe enquanto ela amamentava Yusef. Najma continuava encolhida sob os cobertores, mas estava acordada. Kadar trouxe as passagens de ônibus e avisou que precisavam ir. Ele pegou Najma no colo e as duas mochilas; entregou um cobertor para Daniyal e esperou Labibah levantar-se com o bebê.
Acomodaram-se da melhor maneira que puderam. Labibah com Yusef e Najma em dois bancos, Kadar e Daniyal, ao lado. Eram crianças tranquilas. Fizeram algumas perguntas infantis aos pais. Qual o nome da cidade para onde estavam indo. Esmirna. Vamos morar lá? Quis saber, Najma. Não. Ainda vamos viajar mais. De ônibus? Não. De navio. Tem cama no navio? Não. Mas tem bancos. Vamos ajeitar uma caminha pra você. Lembram do passeio de barco? Os olhos das crianças brilharam. Lembravam bem desse dia.
Chegaram cedo ao parque e logo compraram os ingressos para o passeio de barco. Ainda na fila, todos vestiram coletes flutuantes. As crianças riam de tudo. E quando entraram no barco, divertiram-se deslizando nos longos bancos de madeira que circulavam o deck do barco. Logo os pais os reuniram e as colocaram sentadas entre eles: Kadar, Daniyal, Najma e Labibah, e Yusef a caminho, pois ainda não havia nascido. A cada embalo mais forte das ondas, muitas gargalhadas. Um homem e uma mulher se revezavam na "narração" da viagem, explicando que o mar da Galileia era na verdade um grande lago. Que Jesus estivera ali. E muitos outros detalhes. Detalhes que as crianças não entenderam. Mas certamente "entrar num barco" novamente gerava grande expectativa. E isso foi suficiente para que não fizessem mais perguntas até o fim da viagem. Estavam satisfeitas. Iriam passear de barco.
A viagem durou o dia inteiro e chegaram à Esmirna à noite.
Assim que o ônibus estacionou, os adultos logo perceberam o cordão de homens à espera. Um deles os abordou quando desembarcaram, oferecendo hotel. Kadar disse um valor, que era o que queria pagar, e logo um homem os levou ao prédio do outro lado da rua. O quarto era muito simples, mas tinha uma cama grande e banheiro com chuveiro quente. Tomaram banho e dormiram exaustos.
Não poderia ser diferente. Desde que saíram da casa dos pais de Labibah não haviam mais dormindo num quarto fechado. Para os adultos, as preocupações tornavam as noites mais difíceis. Precisavam proteger as crianças. Do frio. De qualquer perigo. Enquanto não atravessaram a fronteira temiam alguma abordagem. Das forças rebeldes, das forças do governo, das forças internacionais. Qualquer um poderia invadir o acampamento do lado Sírio e determinar para onde deveriam ir.
Mas mesmo do outro lado da fronteira, na Turquia, não sentiram-se seguros. Temiam que alguém aparecesse e dissesse o que deviam fazer e não houvesse a opção de seguir viagem. Milhares de pessoas ficavam em Killis e nos arredores por medo de seguir a viagem. Por isso, o acampamento estava lotado, com muitas crianças e idosos. Para esses grupos, a viagem era ainda mais cansativa e perigosa. Então, a escolha de muitas famílias era permanecer acampado e esperar.
Esperar.
Acomodaram-se da melhor maneira que puderam. Labibah com Yusef e Najma em dois bancos, Kadar e Daniyal, ao lado. Eram crianças tranquilas. Fizeram algumas perguntas infantis aos pais. Qual o nome da cidade para onde estavam indo. Esmirna. Vamos morar lá? Quis saber, Najma. Não. Ainda vamos viajar mais. De ônibus? Não. De navio. Tem cama no navio? Não. Mas tem bancos. Vamos ajeitar uma caminha pra você. Lembram do passeio de barco? Os olhos das crianças brilharam. Lembravam bem desse dia.
Chegaram cedo ao parque e logo compraram os ingressos para o passeio de barco. Ainda na fila, todos vestiram coletes flutuantes. As crianças riam de tudo. E quando entraram no barco, divertiram-se deslizando nos longos bancos de madeira que circulavam o deck do barco. Logo os pais os reuniram e as colocaram sentadas entre eles: Kadar, Daniyal, Najma e Labibah, e Yusef a caminho, pois ainda não havia nascido. A cada embalo mais forte das ondas, muitas gargalhadas. Um homem e uma mulher se revezavam na "narração" da viagem, explicando que o mar da Galileia era na verdade um grande lago. Que Jesus estivera ali. E muitos outros detalhes. Detalhes que as crianças não entenderam. Mas certamente "entrar num barco" novamente gerava grande expectativa. E isso foi suficiente para que não fizessem mais perguntas até o fim da viagem. Estavam satisfeitas. Iriam passear de barco.
A viagem durou o dia inteiro e chegaram à Esmirna à noite.
Assim que o ônibus estacionou, os adultos logo perceberam o cordão de homens à espera. Um deles os abordou quando desembarcaram, oferecendo hotel. Kadar disse um valor, que era o que queria pagar, e logo um homem os levou ao prédio do outro lado da rua. O quarto era muito simples, mas tinha uma cama grande e banheiro com chuveiro quente. Tomaram banho e dormiram exaustos.
Não poderia ser diferente. Desde que saíram da casa dos pais de Labibah não haviam mais dormindo num quarto fechado. Para os adultos, as preocupações tornavam as noites mais difíceis. Precisavam proteger as crianças. Do frio. De qualquer perigo. Enquanto não atravessaram a fronteira temiam alguma abordagem. Das forças rebeldes, das forças do governo, das forças internacionais. Qualquer um poderia invadir o acampamento do lado Sírio e determinar para onde deveriam ir.
Mas mesmo do outro lado da fronteira, na Turquia, não sentiram-se seguros. Temiam que alguém aparecesse e dissesse o que deviam fazer e não houvesse a opção de seguir viagem. Milhares de pessoas ficavam em Killis e nos arredores por medo de seguir a viagem. Por isso, o acampamento estava lotado, com muitas crianças e idosos. Para esses grupos, a viagem era ainda mais cansativa e perigosa. Então, a escolha de muitas famílias era permanecer acampado e esperar.
Esperar.
Imagina como não dormiram bem a noite.
ReplyDeleteSei bem como é isso quando ficávamos muitas noites no hospital com o Erick. Doidos por uma cama e um banho quente.
Claro a situação deles era muito pior.